CIRURGIA BARIÁTRICA E REGANHO DE PESO




Emagrecer envolve mudança de hábitos de vida, para quem já passou por inúmeros tratamentos para redução de peso e ainda enfrenta uma variedade de doenças associadas, a redução do estômago surge como uma opção de tratamento para a eliminar o excesso de peso. Conhecida como cirurgia bariátrica, a operação reduz o estômago a um tamanho mínimo. São duas as técnicas mais conhecidas no Brasil, Bypass Gástrico, que é considerada o padrão-ouro da cirurgia para tratamento da obesidade e a técnica de Sleeve, também chamada de gastrectomia vertical na qual o estômago é reduzido mas o intestino mantém todas as suas conexões originais, sem desvios.  A indicação de qual técnica será escolhida é feita pelo cirurgião, o qual avalia o grau de obesidade e presença de comorbidades (doenças associadas).






         A cirurgia deve ser a última tentativa na busca por qualidade de vida, pois a redução de estômago é só a primeira etapa no processo de emagrecimento e sozinha não resolve o problema, já que a obesidade é uma doença crônica. É imprescindível para o sucesso da cirurgia, a mudança significativa nos hábitos alimentares e no comportamento em relação a comida. A decisão pela cirurgia bariátrica após o insucesso dos tratamentos anteriores, necessita de um planejamento e o comprometimento do paciente com as fases do preparo a serem cumpridas.


         Antes de operar, o paciente irá passar por avaliações de diversos profissionais, sendo um deles a nutricionista. A avaliação nutricional é, primeiramente, responsável em identificar se o paciente tem a indicação para a cirurgia, partindo da anamnese completa, análise dos exames laboratoriais, de hábitos alimentares e do Índice de Massa Corporal (IMC), que faz a relação entre peso e altura. Para a indicação os valores de IMC devem estar acima de 40 ou entre 35 a 40 com doenças associadas. Portanto, antes de ser indicada a cirurgia, a nutricionista avalia, atuando na melhora das condições nutricionais e facilitando o processo de reeducação alimentar e mudança de estilo de vida.
         A dieta possui etapas importantes e que devem ser seguidas com cuidado para otimizar os resultados da cirurgia. São elas, a fase de desintoxicação no pré-operatório e as fases que compreendem o pós-cirúrgico, sendo as primeiras duas semanas composta por líquidos coados e constituída de pequenos volumes (cerca de 50ml a cada duas horas) e com atenção a hidratação nos intervalos. O principal objetivo dessa dieta é o repouso gástrico para que a cicatrização aconteça.
Após as duas semanas, a dieta muda de consistência e passa a ser pastosa com duração de 10 dias e seus objetivos são a adaptação aos pequenos volumes e treino da mastigação para aceitação de alimentos sólidos e a transição para dieta branda, onde o paciente precisa mastigar muito bem os alimentos para evitar possíveis desconfortos. Lembrando sempre que em todas as fases, deve-se estimular o consumo de líquidos nos intervalos das refeições, também o início e a manutenção da suplementação recomendada. A redução de peso é de cerca 8 a 10% nos primeiros trinta dias, por isso a importância de estimular o uso correto dos suplementos nutricionais.
O estímulo de uma alimentação equilibrada com mudança gradual após a cirurgia auxilia o paciente no sucesso do resultado. Um bom instrumento educativo é a pirâmide alimentar proposta por Violet Moizé em 2013 (Guia Alimentar Bariátrico), que determina o uso de suplementos alimentares, a ingesta hídrica e a atividade física como base de comportamento alimentar após a cirurgia. A pirâmide também prioriza as proteínas (fontes de ferro, B12 e cálcio), como primeiro alimento a ser ingerido, seguido de vitaminas e minerais advindos de frutas e vegetais, também dos carboidratos complexos (alimentos integrais, tubérculos e cereais). O consumo de carboidratos simples (doces e açúcares), bebidas alcoólicas, gaseificadas, doces e gorduras em geral devem ser evitados. 



         Aproveitando essas informações sobre mudanças nos hábitos de vida e escolhas alimentares saudáveis, o que realmente vai garantir o sucesso na conquista do peso saudável é justamente a manutenção dos bons hábitos como os alimentares e os exercícios físicos. O paciente que abandona a rotina alimentar correta e se torna sedentário, recupera o peso eliminado com a cirurgia bariátrica. O reganho de peso decorre da associação de alguns fatores, como o retorno aos hábitos inadequados, a má alimentação, inatividade física e abandono do acompanhamento clínico. 



         A qualidade de vida e a conquista do peso saudável proporcionados pela cirurgia são garantidos com a mudança de comportamento, a disciplina alimentar, ou seja, adesão ao tratamento, lembrando sempre que a obesidade é uma doença crônica e o fato de ter emagrecido não significa que está curado. Esquecer disso é o grande fator de reganho de peso em qualquer tratamento para obesidade.
O reganho de peso é um assunto muito sério, pois quase metade dos bariátricos recupera o peso!
Em geral o que leva a um reganho de peso maior é o comer emocional. Sabemos que a obesidade mórbida está intimamente associada ao comer emocional, esse é o fator mais sério e mais difícil de trabalhar. Por esse motivo o acompanhamento psicológico é fundamental.
O bariátrico deve ter uma equipe multidisciplinar como rede de apoio, pois a qualquer momento as coisas pode “desandar” e o reganho de peso acontece.

Artigo escrito pela nutricionista Beth (Elza Elisabete) Porfírio